sexta-feira, outubro 29

"Não há machado que corte a raiz ao pensamento".

Ao tomar conhecimento do que aconteceu com o Blogger Antonio Balbino Caldeira, Do Portugal Profundo fiquei atónita. Foi noticiado no Correio da Manhã. É uma situação digna de um qualquer episódio do Twilight Zone. Na coluna do lado está o link para o meu Blog: só espero que não me apareçam cá em casa por ter criticado o Ministério da Educação na colocação de professores...

"Sete horas, ainda de noite. Bateram à porta. Sem medo, ainda meio estremunhado, abro. Três vultos. O primeiro diz:
- "Polícia Judiciária de Leiria. Temos um mandado de busca da sua residência".

Franqueio a porta. Entram dois agentes e um procurador-adjunto. Mostram-me o mandado de busca domiciliária, assinado por um juiz, às minhas residências (sic) e veículos (o meu carro e outro que vendi há oito anos).
Contam-me depois que, à mesma hora, dois agentes batem à porta da casa da minha mãe, septuagenária. Perguntam-lhe se ela é minha mãe e identificam-se. Minha mãe informa que aquela não é a minha residência desde há 11 anos, mas os agentes prosseguem. Efectuam uma busca a todas as divisões da casa, inclusivé as casas de banho. Vêem um computador velho, sem ligação à Internet, no quarto de hóspedes e hesitam. Telefonam para alguém e acabam por o levar. Esses dois agentes juntam-se, depois, aos outros e ao procurador-adjunto em minha casa.

Pedem-me documentação relacionada com o processo da Casa Pia. Reúno alguns papéis e vou abrir o computador para lhes mostrar as pastas onde guardo o que edito. Fecham-no de imediato e justificam-se com a existência de comandos que permitem a formatação do disco rígido... Dizem que têm ordens para apreender o computador (o corpo do delito?...) - não apenas o disco rígido. No computador, instrumento do meu trabalho de professor, vai a minha tese de doutoramento, lições, exames, notas, documentos profissionais e pessoais, correspondência... (...) São-me imputados factos susceptíveis de integrar a prática do crime de desobediência simples, p. e p. pelos artigos 348.º n.º 1, alínea a), do Código Penal, ex vi do disposto no artigo 88.º, n.º 2, alínea a) e 3, do Código de Processo Penal. Sou ouvido esta sexta-feira no tribunal.
Aconselhado, comprei outro computador. Espero que não mo levem... Cumpro a lei. Escrevo sobre esta questão do Estado, em defesa do meu País e da democracia."

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