terça-feira, maio 24

Desenhando solidão

A noite longa e insone.
Sentia o cansaço do dia, de todos os dias.

O corpo pesado de não ser tocado.
Lembrou o tempo em que sentia o corpo leve porque era amada, tocada.

Repetiu gestos de solidão no corpo, tantas vezes repetidos,
para despertar sensações há muito esquecidas.
Sabia que cada gesto era doloroso porque lhe recordaria outros gestos.
Aos seus faltava calor, cheiro, paixão.

Carícias solitárias construídas em solidão, desenhadas num corpo só.

A mão parou, enterrou o rosto no travesseiro e chorou.

(Encandescente: correspondente exclusiva deste Blog
& Foto de Margarida Delgado)

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