"O Menino Azul e Verde das Ilhas de Bruma
Era uma vez um Menino. Um Menino de três anos. Não era como outro qualquer pois o Menino apesar de ter uma Mãe e um Pai era um Menino diferente. Era um Menino da cor das suas ilhas. Um Menino Azul e Verde. A “tetrologia de Fallot” coloria-o de Azul dos céus e do mar, enquanto que o “Síndroma de LLargil” lhe conferia a cor verde dos pastos e das lagoas. (...) O Menino gostava de brincar e correr mas cansava-se rápido, o seu coração pequenino não aguentava as batidas e a vontade de querer ser como os outros Meninos. O Emanuel, “Deus connosco”, não compreendia porque que era diferente dos outros meninos, porque que tomava tantos “remédios”, porque tinha tantos aparelhos no seu quarto e porque que tantas e tantas vezes tinha os Senhores da Bata Branca à sua cabeceira, porque a sua Mãe aprendeu a cuidar dele como cuidavam no Hospital para que ele não estivesse tanto tempo longe dela. Enquanto o Emanuel lutava diariamente para viver e correr pela vida como qualquer criança, a Mãe Helena lutava, como uma guerreira helénica, com os senhores da Ilha de Bruma, apenas queria conseguir para o seu Menino uma Vida à beira-mar plantada apesar das duas doenças raras e fatais. Um dia o Menino Azul voou definitivamente das ilhas para uma cidade do Minho onde vive feliz a cada dia que passa. Veio com a sua “guardadora de sonhos e de vida” tentar viver a vida digna que a Constituição proclama no seu artigo 69.º «As crianças têm direito à protecção da Sociedade e do Estado, com vista ao seu desenvolvimento integral» e no seu artigo 71.º «O Estado obriga-se a realizar uma política racional e de tratamento, reabilitação e integração dos deficientes, etc, etc.».
Um dia a Mãe do Menino Azul cansou-se de lutar contra o monopólio dos barões das Ilhas de Bruma. Não quis que o seu Menino da cor do céu e do mar das ilhas que ama chegasse à costa em algas verdes e azuis, tão verdes como os pastos das ilhas e tão azuis como o céu no meio do atlântico porque a partir desse dia, nas praias de areia negra surgiriam também algas vermelhas tão vermelhas como o sangue que lhe corre nas veias. A Mãe e o Menino Azul e Verde da cor das Ilhas de Bruma viverão nos corações de todos os que conhecem e vivem a sua história. Talvez um dia, um dia muito longínquo, deitarei pétalas, pétalas de rosas brancas nas praias do norte para se misturarem às algas, às muitas algas azuis, verdes e vermelhas que existirão em todo o Atlântico." (mais pormenores no Blog da G. ( Canto do Melro) que é amiga da mãe deste lindo Menino Colorido.) Há umas semanas atrás, fiz um post aonde divulgava a exposição de pintura da Helena, ainda hoje vi a reportagem no Jornal da SIC... abanei a cabeça... vieram-me as lágrimas aos olhos. Agora cruzo-me com este terno post.
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