Vende-se rato desencontrado com a sorte, órfão de pais legítimos e de pais adoptivos.
Bem ensinado. Alimenta-se de restos, mija e caga na sanita, atravessa a rua na passadeira. Se pressente que alguém se assusta por sua causa, mete o rabo entre as pernas, põe as patas da frente no focinho e começa a chorar num pranto de quebrar o coração. Tem apenas um defeito que até pode ser uma virtude... Quando lhe dão boleia, anicha-se lá ao fundo, junto do vidro traseiro, e faz manguitos aos gajos que querem ultrapassar o carro.
Vive ao fundo da Rua Principal, num buraco sem condições, sujeito ao frio e à chuva. Segundo diz o médico de família, tenho alergia aos ratos e, segundo diz o meu senhorio, não posso ter o rato em casa. Passe plo fundo da Rua Principal e procure o Chico, arrumador de carros, diga-lhe ao que vai e que vai da nossa parte, entregue-lhe 200 euros (só ficamos com 30% de comissão pra bem dos ratos) e receberá o rato.
Se uma alma caridosa levou o rato, não desespere, pergunte ao Chico a que horas deve voltar... Há sempre um rato órfão, bem ensinado e apenas com um defeito que até pode ser uma virtude que espera por si ao fundo da Rua Principal. Adopte um ratinho, pratique a sua boa acção!”
Pl' Agência Internetiária, Lda. (assinatura ilegível) (in Pt. Conversa: Trata Tejano)
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