Ainda Sobre a Confiança
09 de Dezembro de 2003, por Teresa de Sousa
Aconselho a leitura deste artigo na íntegra. Vem lembrar e reforçar a ideia que confiança e responsabilidade andam de mão dadas. Vem lembrar e reforçar a ideia que só com esta aliança podemos formar cidadãos em pleno e consequentemente construir um país que se orgulhe dos seus valores. Deixo apenas um extracto para vos aguçar a curiosidade.
”1. Há já alguns anos, quando quis inscrever uma das minhas filhas numa universidade britânica para tirar o curso que a sua mísera média de 15 valores não lhe permitia tirar em Portugal, defrontei-me com uma situação que me deixou de boca aberta.
As inscrições para as universidades britânicas fazem-se, como muita gente saberá, no British Council de Lisboa. É aí que se obtém toda a informação necessária para escolher a universidade. É ai que se encontram os impressos que é necessário preencher e que somos informados sobre os procedimentos a cumprir. É tudo bastante fácil - muito mais fácil do que alguma vez poderia ter imaginado. Declaram-se as habilitações do candidato, as suas notas e a sua média final (se já terminou o ensino secundário) ou a previsão dessa média (no caso, mais frequente de estar ainda a concluí-lo), acrescenta-se uma carta de um professor, que deve descrever as características pessoais do aluno, e uma outra do próprio, justificando os motivos da sua opção.Quando perguntei que outros certificados, atestados ou comprovativos teria de entregar, a resposta foi, para mim, completa e absolutamente inesperada. Nenhum. Nenhum como? Nenhum, porque a senhora não está certamente a prestar informações erradas sobre a sua filha, responde-me pacientemente a minha interlocutora do British.
De facto não estou, digo-lhe, depois da pausa necessária para racionalizar as coisas. Mas, se estivesse, como é que os senhores, lá em Inglaterra, controlam isso? Minha senhora, responde-me de novo a funcionária do British, era uma enorme perda de tempo, um enorme gasto e um enorme sinal de desconfiança se os 99 por cento de cidadãos que preenchem estas declarações com verdade pagassem pela ínfima minoria que eventualmente pretenda enganar.
A resposta era tão óbvia que me fez sentir completamente estúpida. A minha única desculpa era viver num país em que as coisas se passam exactamente ao contrário: cada cidadão tem de provar sistematicamente ao Estado que é sério através de certidões, declarações, reconhecimentos e demais papeladas que exasperam a nossa paciência, desperdiçam o nosso tempo e delapidam os nossos recursos."
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