A Púrpura chamou-me a atenção para o caso da Filomena que é portadora da doença de Chron. O que me desconcertou foi o facto dela ter ido a casa da Filomena. Um acto de solidariedade revestido de muita coragem. É mais fácil dar para os pobrezinhos em África do que ajudar o pobre diabo que todos os sábados bate à nossa porta a pedir esmola. Dar a cara é difícil e um passo gigantesco. A Púrpura merece a minha homenagem. É também por isso que vos dou a conhecer uma situação que poderão acompanhar em pormenor no Blog Púrpura Secreta. Deixo-vos com as palavras dela:
"Liguei à Filomena, trocámos telefones e ontem combinámos uma visita e lá fui eu à Amadora, sem saber o que ia encontrar, mas com vontade de ajudar a dar visibilidade a este caso, se me certificasse da veracidade da história. Uma espécie de blind date. Foi estranho. A situação não é usual para mim e o mundo com que me vi confrontada é um mundo que me é alheio. Alheio no sentido de nunca ter tido contacto tão directo com as privações por que aquela família passa. Ao mesmo tempo sente-se uma dignidade e um quase pudor no sofrimento. E o recurso aos mails e à comunicação social foi o último dos últimos recursos da Filomena de cabelos loiros compridos e olhos verdes. Que seria muito bonita se a vida a tivesse tratado melhor. Enontrei-a serena. Acamada, ao redor dela no quarto estavam dispostos o telefone, a televisão, o computador. Tudo ali à mão. Aquele quarto é o mundo dela. A solidão dela. Um cenário quase de Almodôvar, com imagens de santos, bibelots e velas nas paredes amarelas e na cómoda atulhada. Li os documentos comprovativos dos créditos concedidos e as cartas dos advogados exigindo o pagamento imediato sob pena de execução imediata da dívida. Como o único bem próprio é a casa, imagine-se o desespero, sobretudo se tivermos em conta que as cartas a ameaçar com um processo judicial são de Junho e desde então aquela família vive no pânico de um telefonema que lhe tirará a esperança."
"Liguei à Filomena, trocámos telefones e ontem combinámos uma visita e lá fui eu à Amadora, sem saber o que ia encontrar, mas com vontade de ajudar a dar visibilidade a este caso, se me certificasse da veracidade da história. Uma espécie de blind date. Foi estranho. A situação não é usual para mim e o mundo com que me vi confrontada é um mundo que me é alheio. Alheio no sentido de nunca ter tido contacto tão directo com as privações por que aquela família passa. Ao mesmo tempo sente-se uma dignidade e um quase pudor no sofrimento. E o recurso aos mails e à comunicação social foi o último dos últimos recursos da Filomena de cabelos loiros compridos e olhos verdes. Que seria muito bonita se a vida a tivesse tratado melhor. Enontrei-a serena. Acamada, ao redor dela no quarto estavam dispostos o telefone, a televisão, o computador. Tudo ali à mão. Aquele quarto é o mundo dela. A solidão dela. Um cenário quase de Almodôvar, com imagens de santos, bibelots e velas nas paredes amarelas e na cómoda atulhada. Li os documentos comprovativos dos créditos concedidos e as cartas dos advogados exigindo o pagamento imediato sob pena de execução imediata da dívida. Como o único bem próprio é a casa, imagine-se o desespero, sobretudo se tivermos em conta que as cartas a ameaçar com um processo judicial são de Junho e desde então aquela família vive no pânico de um telefonema que lhe tirará a esperança."
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