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É claro que os professores não estão preparados para tal medida. É claro que terão que fazer formação. Muita. Ou teremos uma implementação às três pancadas como está a acontecer com a badalada TLEBS que já leva à suspensão de manuais do 8.º ano?!
Beneficiar os alunos?! Será benéfico ter um só professor durante 6 anos adiando para o 7.º ano a passagem para vários professores?! E porque não se inverte a situação fazendo com que os alunos tenham mais do que um professor desde o 1.º ano?!
É verdade que os alunos se sentem um pouco à nora quando chegam ao 5.º ano mas nunca ouvi nenhum dizer que preferia ter só um professor como tinha no 1.º ciclo. As crianças crescem e desenvolvem-se e adaptam-se a novas situações de forma surpreendente. O que me parece é que os alunos são cada vez mais "abebézados" e infantis e esta medida parece ir ao encontro dessa fragilidade. Tal como acontece com os níveis de exigência. Cada vez se baixa mais a fasquia da exigência porque é necessário que todos tenham o 9.º ano. E quanto mais se baixa a fasquia, mais temos que ir baixando. Temos que ser exigentes e exigir o mesmo aos alunos. A adaptação a um novo meio faz parte do seu crescimento ou o mundo adulto, o mundo profissional e social que espera as crianças vai ser condescendente?!
Fala-se muito por aí que passam de 1 professor para 10 professores. Generalização absurda e conveniente! Numa turma de 5.º ano podemos ter cerca de 5 a 6 professores:
Áreas Curriculares Disciplinares:
1 L.P e Inglês ou L. P. e História e Geografia de Portugal
2 Matemática e C. N.
3 Educação Visual e Tecnológica
4 E.F.
5 Educação Musical
Áreas Curriculares Não Disciplinares (podem ser leccionadas por qualquer um dos professores das áreas curriculares disciplinares acima mencionadas):
Área Projecto
Estudo Acompanhado
Formação Cívica
Três dias depois mereceu a seguinte resposta do nosso Embaixador:
"Um cidadão brasileiro, que faz o favor de ser meu amigo, teve a gentileza de me dar a conhecer uma nota que publicou no seu site, na qual comentava aspectos relativos à sua mais recente visita a Portugal. Trata-se de um texto muito interessante, pelo facto de nele ter a apreciável franqueza de afirmar, com todas as letras, o que pensa de Portugal e dos portugueses. O modo elegante como o faz confere-lhe, aliás, uma singular dignidade literária e até estilística. Mas porque se limita apenas a uma abordagem em linhas muito breves, embora densas e ricas de pensamento, tenho que confessar-lhe que o seu texto fica-nos a saber a pouco. Seria muito curioso se pudesse vir a aprofundar, com maior detalhe, essa sua aberta acrimónia selectiva contra nós.
Por isso lhe pergunto: não tem intenção de nos brindar com um artigo mais longo, do género de ensaio didáctico, onde possa dar-se ao cuidado de explanar, com minúcia e profundidade, sobre o que entende ser a listagem de todas as nossas perfídias históricas, das nossas invejazinhas enraizadas, dos inumeráveis defeitos que a sua considerável experiência com a triste realidade lusa lhe deu oportunidade de decantar? Seria um texto onde, por exemplo, poderia deter-se numa temática que, como sabe, é comum a uma conhecida escola de pensamento, que julgo também partilhar: a de que nos caberá, pela imensidão dos tempos, a inapelável culpa histórica no que toca aos resquícios de corrupção, aos vícios de compadrio e nepotismo (veja-se, desde logo, a última parte da Carta de Pêro Vaz de Caminha), que aqui foram instilados, qual vírus crónico, para o qual, nem os cerca de dois séculos, que se sucederam ao regresso da maléfica Corte à fonte geográfica de todos os males, conseguiram ainda erradicar por completo.
Permita-me, contudo, uma perplexidade: porquê essa sua insistência e obcecação em visitar um país que tanto lhe desagrada? Pela quinta vez, num espaço de quatro anos ? Terá que reconhecer que parece haver algo de inexoravelmente masoquista nessa sua insistente peregrinação pela terra de um "parente malquisto, invejoso e mal educado". Ainda pensei que pudesse ser a Fé em Nossa Senhora de Fátima o motivo sentimental dessa rotina, como sabe comum a muitos cidadãos brasileiros, mas o final do seu texto, ao referir-se à "herança maldita católica", afasta tal hipótese e remete-o para outras eventuais devoções alternativas.
Gostava que soubesse que reconheço e aceito, em absoluto, o seu pleníssimo direito de pensar tão mal de nós, de rejeitar a "herança maldita portuguesa" (na qual, por acaso, se inscreve a Língua que utiliza). Com isso, pode crer, ajuda muito um país, que aliás concede ser "bonito por fora" (valha-nos isso !), a ter a oportunidade de olhar severamente para dentro de si próprio, através da arguta perspectiva crítica de um visitante crónico, quiçá relutante.
E porque razão lhe reconheço esse direito ? Porque, de forma egoísta, eu também quero usufruir da possibilidade de viajar, cada vez mais, pelo maravilhoso país que é o Brasil, de admirar esta terra, as suas gentes, na sua diversidade e na riqueza da sua cultura (de múltiplas origens, eu sei). Só que, ao contrário de si, eu tenho a sorte de gostar de andar por onde ando e você tem o lamentável azar de se passear com insistência (vá-se lá saber porquê!), pela triste terra dessa "gente que descobriu e colonizou o Brasil". Em má hora, claro!
Da próxima vez que se deslocar a Portugal (porque já vi que é um vício de que não se liberta) espero que possa usufruir de um tempo melhor, sem chuvas e sem um "dilúvio" como o que agora tanto o afectou. E, se acaso se constipou ou engripou com o clima, uma coisa quero desejar-lhe, com a maior sinceridade: cure-se!"
Com a retribuída cordialidade do Francisco Seixas da Costa, Embaixador de Portugal no Brasil